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Fuzileiros em Ação parte 1: a Batalha do Riachuelo

A Batalha do Riachuelo está para a historiografia militar brasileira como o Desembarque da Normandia para a Segunda Guerra Mundial.

Ambos foram eventos divisores de águas, selando os destinos dos seus respectivos conflitos.

No nosso caso, a guerra em questão era a do Paraguai, país liderado por Solano López, então presidente da república.

Eram tempos em que Brasil e Argentina já assumiam a posição de países líderes no continente sul-americano, condição que desagrava López.

O então presidente paraguaio planejava, ainda, obter o controle sobre a foz do Rio da Prata, entre Argentina e Uruguai. Sua desembocadura no Oceano Atlântico garantiria ao Paraguai uma saída para o mar.

Esse é o pano de fundo de uma das mais célebres batalhas da história do Brasil e do continente americano, na qual marinheiros e fuzileiros navais foram decisivos. 

O que foi a Batalha do Riachuelo?

A Batalha do Riachuelo foi um conflito armado de grandes proporções, no qual estiveram diretamente envolvidas as Marinhas do Brasil e do Paraguai, com as forças argentinas e uruguaias como coadjuvantes.

Tudo começou quando o Brasil, em 1864, interveio na Guerra do Uruguai, apoiando as forças que tirariam do poder o presidente Anastasio Aguirre, aliado de Solano López.

Profundamente contrariado, López decidiu retaliar, aprisionando em 11 de novembro de 1864 o vapor Marquês de Olinda, da Marinha do Brasil.

Não satisfeito, o presidente paraguaio ordenaria também a invasão do território do Mato Grosso, sequestrando e assassinando o presidente da província, Frederico de Campos.

Era o que bastava para o governo brasileiro declarar guerra ao Paraguai, que, nesse mesmo período, vinha realizando incursões militares frequentes à Argentina.

A reação brasileira e dos países platinos (Uruguai e Argentina) se concretizaria na Tríplice Aliança, formada para combater o líder expansionista paraguaio e restabelecer a soberania territorial nas regiões invadidas.

Quando foi a Batalha do Riachuelo?

Oficialmente, a Batalha do Riachuelo ocorreu no período que vai das 9h25 até as 17h30 do dia 11 de junho de 1865.

Do nosso lado, esteve envolvido um contingente de 2.287 militares, dos quais 1.113 eram fuzileiros navais e 1.174 pertenciam ao Exército.

Vale destacar que Solano López era considerado um dos mais brilhantes e preparados estrategistas militares entre os países sul americanos. Em sua temporada na Europa, ocupou importantes cargos oficiais, tendo inclusive participado da Guerra da Criméia, onde hoje se localiza a Ucrânia.

Era notória a admiração que nutria por Napoleão Bonaparte, o que ajuda de certa forma a entender suas pretensões expansionistas.

Mas, apesar do fortalecimento das forças armadas paraguaias, López não conseguiu eliminar um dos seus mais críticos problemas: a falta de uma força naval à altura dos países latinos, principalmente o Brasil.

Onde foi a batalha do Riachuelo?

Riachuelo era o nome do arroio que se ligava ao Rio Paraná, na Argentina, onde a batalha se desenrolou.

Era considerada uma posição estratégica em uma época na qual a ligação dos países andinos e do próprio Paraguai com o resto do mundo dependia do transporte fluvial.

Por essa razão, o país que tivesse o controle não só do Rio Paraná, como da Foz do Rio da Prata, teria o controle sobre o comércio no cone sul latino americano.

Lembrando que o Rio Paraná, ao entrar em território paraguaio, passava a se chamar Rio Paraguai, que seria então a ponta de lança de uma possível rota fluvial para o Atlântico.

Portanto, a Guerra do Paraguai, na qual a Batalha do Riachuelo se insere, tinha como uma de suas motivações a hegemonia marítima nessa importante bacia de rios.

Como foi a Batalha do Riachuelo?

A exemplo da maioria das batalhas que selam os destinos de uma guerra, a do Riachuelo foi marcada por pesadas baixas de ambos os lados.

De cara, ficaria evidente a superioridade naval brasileira, cuja Marinha enviaria para o teatro de guerra 9 navios, contra 8 do Paraguai (contando as chatas, navios de pequeno porte).

Nossa esquadra era formada por uma Fragata, três Corvetas e cinco Canhoneiras. Havia ainda duas canhoneiras posicionadas em um ponto mais distante, caso fosse necessário chamar por reforços.

Na madrugada do dia 10 para o dia 11 de junho, Solano López teria dito uma frase que entrou para história do conflito: “Vão e tragam-me os navios brasileiros!

A batalha começaria pela manhã, com a aproximação da esquadra paraguaia, a qual foi recebida com intensas descargas dos nossos navios.

Ela teria o seu desfecho na terceira descarga de fogos, que culminaria com a perda de 4 importantes embarcações paraguaias.

Mapa da Batalha do Riachuelo

O local em que a Batalha do Riachuelo foi travada mostra bem a importância estratégica do local.

Mapa do cone sul latino americano

Uma rápida análise já deixa claro que essa era uma região extremamente valiosa para o Paraguai, por ser uma espécie de porta de entrada para os navios que vinham do Atlântico.

Quem a vencesse teria uma grande vantagem na Guerra do Paraguai, já que assumiria o comando do único acesso naval para o território paraguaio.

Lembre-se de que, naquela época, não havia estradas e o transporte para as regiões interioranas era feito quase exclusivamente pelas vias fluviais.

Por essa razão, Solano López nutria ardentemente o desejo de tornar um Paraguai uma potência regional, com influência sobre a Argentina e Uruguai.

Como vimos, seu erro foi não equipar adequadamente sua Marinha, um ponto fraco que as forças comandadas pelos almirantes Tamandaré e Barroso souberam explorar.

A Batalha do Riachuelo e a Guerra do Paraguai

A Batalha do Riachuelo foi fundamental para decretar o destino da Guerra do Paraguai porque, a partir dela, as tropas paraguaias perderam o acesso ao oceano.

Dessa forma, não poderiam mais receber suprimentos de aliados que viessem pelo Atlântico, o que com o tempo foi gradativamente minando suas forças.

O confronto se estenderia por mais 5 anos, apenas porque o Exército paraguaio continuava resistindo.

A propósito, cabe ressaltar que, no lado basileiro, as forças em terra estiveram sob o comando do Marechal Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.

Ele comandou diversas ações estratégicas indispensáveis para desmobilizar o Exército paraguaio. A mais expressiva delas foi o cerco de Humaitá, em que as forças brasileiras tomaram o controle da região próxima a esse rio, isolando o Paraguai por terra.

Contudo, a Marinha do Brasil foi o fiel da balança. Não seria exagero dizer que, sem as vitórias navais, provavelmente o conflito teria se estendido por muito mais que os seus 5 anos de duração.

Quem ganhou a Batalha do Riachuelo?

O Brasil foi o grande vencedor da Batalha do Riachuelo, que impôs pesadas baixas às forças paraguaias.

O inventário final do confronto foi o seguinte:

Paraguai:

  • 567 feridos
  • 351 mortos
  • 6 chatas afundadas
  • 4 navios afundados

Brasil:

  • 142 feridos
  • 104 mortos
  • 20 desaparecidos
  • 2 navios encalhados
  • 1 navio afundado

Foi na Batalha do Riachuelo que o almirante Barroso daria ordens na forma de duas frases que entraram para a história, sendo até hoje usadas nos navios e quartéis de Marinha:

“Sustentar o fogo que a vitória é nossa”

“O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!”

Quais as consequências da Batalha do Riachuelo?

Apesar de não ter decretado o fim da guerra, que só terminaria em 1870, a Batalha do Riachuelo marcou uma virada de página nos constantes conflitos entre Argentina, Uruguai e Brasil, países aliados, contra o Paraguai.

Tanto que, já em 1866, Solano López já vinha propondo um cessar fogo com os líderes argentinos, o que só não aconteceu porque suas exigências não foram satisfeitas.

A vitória no rio Paraná foi fundamental para a Tríplice Aliança, que assumiu o controle dos rios da bacia platina até a fronteira com o Paraguai.

Com isso, ficou garantido o apoio logístico às forças de terra, além do bloqueio de qualquer ajuda aos paraguaios que viesse de fora.

A resistência das forças em terra, portanto, só viriam a evidenciar a teimosia de López que, em nome de um plano demasiadamente ambicioso, condenou seu país a um tremendo castigo.

Como foi a participação dos Fuzileiros Navais?

Embora tenha sido travada nas águas do rio Paraná, a histórica contenda teve também combates corpo a corpo renhidos.

Em um desses, inclusive, tombaram os marinheiros João Guilherme Greenhalgh e Marcílio Dias, que pela sua bravura receberia postumamente o título de “Imperial Marinheiro”.

A Batalha do Riachuelo é tão importante que o dia 11 de junho é celebrado como a data magna da Marinha do Brasil.

Os feitos dos heróis militares deste sangrento confronto ficam para a história, deixando também uma importante lição sobre a importância de se manter a paz.

Conclusão

A Batalha do Riachuelo é histórica, assim como a guerra da qual fez parte, até hoje a de maiores proporções do continente sulamericano.

O Corpo de Fuzileiros Navais se fez presente, representando quase metade das forças de combate do Brasil.

Quem voltou vivo foi entusiasticamente saudado pelo povo como herói, como sempre acontece com os militares que regressam de uma missão bem sucedida.

Veja mais dos Fuzileiros Navais brasileiros em ação, neste post sobre os feitos dos soldados anfíbios!

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