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Como utilizar a literatura como aliada na redação dissertativa-argumentativa?

Por prof. Lais Carballal

Muitos estudantes, ao estudarem produção textual, se dedicam à escrita, considerando todas as normas da Língua Portuguesa. No entanto, uma boa redação dissertativa-argumentativa não depende apenas disso. É preciso demonstrar conhecimentos variados sobre o tema apresentado, deixando claro um vasto conhecimento de mundo.

Neste conteúdo, vou apresentar diversas obras literárias brasileiras que são relevantes para trabalhar assuntos contemporâneos e que, portanto, são grandes propostas de redação. Vamos em frente?

A importância da leitura para desenvolver a escrita

Uma das formas de desenvolver um bom repertório sociocultural é utilizando a leitura como uma aliada. Afinal, os livros proporcionam diversas realidades, vivências e conhecimentos – de diferentes áreas – ampliando o horizonte cultural do redator. Sem mais delongas vamos ver algumas obras cuja leitura vão ajudar você a escrever melhor e com mais fludiez.

O cortiço, de Aluísio Azevedo

O livro O cortiço, de Aluísio Azevedo, é uma das principais obras do movimento literário Naturalismo. Embora tenha sido escrito há mais de cem anos, ele se mantém extremamente atual. Nele, diversas temáticas são abordadas, como, por exemplo:

  1. A Imigração: O enredo da história é centrado em Jerônimo, brasileiro, mas de origem portuguesa. Ao entrar em contato com a população no cortiço, seu comportamento se modifica. Sendo assim, a importância da imigração é abordada, além da falta de melhores condições de vida a essas pessoas – Jerônimo é morador do cortiço – e a forma como o meio influencia o sujeito.

  2. Violência contra a mulher: A pedofilia é uma das questões abordadas com seriedade pelo autor, visto que a personagem Pombinha – que era menor de idade – possui um princípio de relação sexual forçado pela prostituta Léonie.

  3. Exploração do trabalhador e corrupção: O personagem João Romão traz à tona o desejo pelo enriquecimento, sem considerar os meios para alcançar esse fim. Então, ele é o personagem que explora seus trabalhadores e busca o roubo como uma maneira de enriquecer.

  4. Processo de favelização do Rio de Janeiro e a segregação/desigualdades na cidade: O cortiço é representado por um lugar onde vivem pessoas sem reconhecimento social e financeiro. Essa moradia é proporcionada seguindo o processo de gentrificação, que consiste no desenvolvimento de uma cidade, diante da presença de uma população de alta renda, o que gera um aumento nos valores das moradias. Consequentemente, a população de menor poder aquisitivo passa a viver em locais insalubres e mais afastados.

  5. Ausência de investimentos nos guetos cariocas: As favelas são aglomerados de casas, sem nenhum planejamento prévio. O mesmo ocorre com o subúrbio carioca. Esses locais, muitas das vezes, se tornam a moradia da população de baixo poder aquisitivo. Como a elaboração dessas residências não possui planejamento, a população pobre é obrigada a conviver com as consequências do descaso governamental. Um exemplo disso é a falta de saneamento básico que gera um foco de doenças, culminando em impactos na saúde.

Questões de pele, de Luiz Ruffato

O livro Questões de Pele consiste numa organização de contos, realizada por Luiz Ruffato. Como o próprio título evidencia, o livro trabalha o racismo numa perspectiva diacrônica, como a temática central dos contos. Diversos autores são reconhecidos nessa obra, desde os clássicos da literatura brasileira – Maria Firmina dos Reis, Machado de Assis e Lima Barreto – aos contemporâneos, como Conceição Evaristo. Além disso, nele há um relato de Mohammah G. Baquaqua, que é um ex-escravo que vivenciou o contexto brasileiro no tempo colonial. Dentro da questão racial, pode-se abordar diversos assuntos atuais:

  1. Estereótipos da população negra: O livro possui diversos contos que rompem com a reprodução ideologia sobre o caráter do negro. Então, as questões relacionadas à objetificação do corpo negro, exotização de um povo e a ausência de beleza e poder intelectual são debatidas e transformadas.

  2. Racismo estrutural: Esse conceito consiste na padronização de práticas institucionais que, de forma cotidiana, subalterniza – conscientemente – um grupo social ou étnico para promover o sucesso de uma outra população, gerando privilégios.

  3. Mito da democracia racial: A democracia racial consiste em um suposto estado de plena igualdade entre pessoas, independentemente de raça, cor ou etnia. No entanto, na contemporaneidade, apesar do fim da escravidão e leis que criminalizam atitudes racistas, ainda não é possível afirmar que a democracia racial existe. Um exemplo claro disso é a polarização social existente entre negros e brancos, consequência da desigualdade de direitos para as pessoas que apresentam características negróides.

Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

Nesse clássico do movimento regionalista do Modernismo, diversas temáticas podem ser abordadas:

  1. Migrações e êxodo rural: Consiste no deslocamento realizado por pessoas que buscam melhores condições de vida. No caso da obra Vidas Secas, Fabiano e sua família fogem da seca em direção ao sul do país para conseguir viver com dignidade. Tal questão é próxima aos movimentos de êxodo rural, nos anos 60 e 70, diante da expansão agrícola no Brasil.

  2. Crise hídrica: Uma das temáticas centrais do livro é a ausência da chuva e as suas consequências. Sendo assim, temos um “link” entre a falta de água e ausência de melhor distribuição dessa commodity no Brasil. No caso do livro, Fabiano e sua família vivenciam a extrema pobreza diante da falta da chuva, impossibilitando qualquer tipo de cultivo agrícola e que o homem possua uma moradia fixa.

  3. Ausência de comunicação: Fabiano e sua família, diante das adversidades da vida, são pessoas que transparecem suas vivências no comportamento. Sendo assim, por vivenciarem a seca, a comunicação se torna árida, isto é, estéril. Desse modo, não há a sustentação de um diálogo, problema que persiste na atualidade.

  4. Respeito aos animais: Há um capítulo do livro dedicado à cachorra Baleia. Contrariando a ciência, o animal é retratado como um personagem capaz de gerar processos mentais de afeição, humanizando-se. Com sua morte, a família de imigrantes fica nitidamente abalada. Sendo assim, o livro trabalha a importância do respeito aos animais, pois eles não devem ser coisificados.

Passeando pelos livros clássicos da literatura brasileira, tenho certeza que você lembrou de algo sobre o enredo dessas narrativas. Para quem não leu ainda Questões de Pele, que é contemporâneo, fica a grande dica de leitura para se aprimorar no debate das problemáticas atuais. O livro custa em torno de 20 a 30 reais, mas os contos presentes nele podem ser facilmente encontrados no site Domínio Público.

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