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Naturalismo: a literatura de cunho social

Por prof. Lais Carballal

O Naturalismo surge na Europa na segunda metade do século XIX, concomitantemente ao Realismo e ao Parnasianismo e junto à publicação, em 1859, do livro A origem das espécies, de Charles Darwin. Essa obra modificou a forma de pensar da época, pois Darwin comprovou que o ser humano é resultado de um processo de evolução.

Sendo assim, o homem é compreendido como qualquer outro animal que vivencia o processo de seleção natural, em que as espécies mais adaptadas ao meio são as que sobrevivem. Como isso refletiu na Literatura, dando origem ao Naturalismo é o que vamos conhecer a partir de agora. Acompanhe!

A evolução das espécies e da Literatura

A teoria darwinista modificou profundamente o movimento literário, visto que dela surgiu a expressão Darwinismo Social, que por sua vez envolve a sobrevivência do grupo mais apto em momentos de competição e seleção. Tal corrente de pensamento deu origem ao discurso eugenista, que defende a superioridade de uma raça sobre a outra.

Além de Darwin, o filósofo Auguste Comte também foi uma importante figura do Naturalismo por ter criado o Positivismo, corrente filosófica que defende a racionalidade e o pensamento científico em detrimento das ideologias metafísicas e religiosas. Em outro ângulo, temos Hippolyte Taine, que cria o Determinismo, no qual todo indivíduo é socialmente condicionado pela sua raça, o meio do qual participa e o momento histórico.

As características marcantes do Naturalismo

Logo, as três tendências – Darwinismo Social, Positivismo e Determinismo – influenciaram o Naturalismo enquanto estilo literário. No entanto, é possível citar outras características, como:

  • Zoomorfização, ou seja, atribuir características de animais aos seres humanos.

  • Condições subumanas de trabalho, em que as personagens perdem a humanidade e são dominadas por instintos animais.

  • Classes mais pobres como protagonistas das obras dos escritores naturalistas.

  • A presença do instinto sexual e a apresentação do sexo explícito.

  • Personagens como vítimas do determinismo.

  • O estudo científico como forma de compreender a sociedade.

  • Temas de patologia social.

No Brasil, a primeira obra naturalista é publicada em 1881: “O Mulato”, de Aluísio Azevedo. Além dessa obra, o autor também publucou “O cortiço”. Aluísio, então, é o principal autor do Naturalismo, junto a outros grandes nomes como Adolfo Caminha e Raul Pompeia.

Confira um trecho de O cortiço e repare nos traços de estilo que caracterizam as produções naturalistas:

Ele propôs-lhe morarem juntos, e ela concordou de braços abertos, feliz em meter-se de novo com um português, porque, como toda a cafuza, Bertoleza não queria sujeitar-se a negros e procurava instintivamente o homem numa raça superior à sua.”

No trecho, percebe-se que Bertoleza, que é a personagem com características negróides, é relacionada ao conceito de inferioridade e aproximada aos instintos animais (zoomorfização).

Também temos retratada a questão do darwinismo social quando o autor usa o termo “raça superior” para se referir à busca de Bertoleza por homens “superiores. Repare, ainda, no termo “instintivamente” que, no contexto, remete a uma ideia de animalização da personagem, evidenciando assim mais um traço naturalista nessa obra de referência.

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